quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

VISITA A UPA MANGUINHOS


Durante a visita a UPA Manguinhos (Unidade de Pronto Atendimento) que funciona durante as 24 horas do dia, sete dias por semana, tivemos a oportunidade de conhecer todas as instalações do serviço, que tem por especialidade o serviço pré-hospitalar específico para pequenas e médias urgências e emergências, inclusive odontológicas. Os casos mais graves são acolhidos e permanecem na unidade até que sejam removidos para um hospital de referencia.
A UPA Manguinhos está inserida no Subsecretaria de Atenção Primária, Vigilância e Promoção à Saúde que é subordinada à Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Podemos observar que no dia da visitação não havia nenhum profissional de odontologia. Quando questionamos a responsável que nos acompanhava, fomos informados que na Unidade o atendimento odontológico ocorre apenas uma vez por semana, ou seja, apesar de informar que possui atendimento 24 h, quando o usuário necessitar de um atendimento odontológico nos dia que o profissional não se encontra terá que recorrer a outro serviço público de saúde ou mesmo um serviço particular, caso tenha condições financeiras para isso. Tratando-se de uma comunidade carente, acredito que a maioria fica sem atendimento, mesmo que fosse agendado para outro dia, o profissional não conseguiria atender a demanda dos outros seis dias em apenas um.
Durante a visita tivemos oportunidade de conversar com a profissional responsável pelo Serviço Social da Unidade, além de socióloga, também atua como professora de sociologia na rede estadual e privada. Na entrevista abordamos a questão da UPA estar localizada em uma área geográfica de risco, a comunidade de Manguinhos e pela sua proximidade com o Complexo do Alemão. A entrevistada explicou que existe uma necessidade dessa Unidade de saúde ser acolhida pela comunidade para seu funcionamento e que uma das estratégias utilizadas é a contratação de profissionais de saúde que residam naquela área.
Além disso, relatou que as maiores demandas de atendimento são os casos de violências doméstica (mulheres, crianças e idosos), tuberculose, meningite e vítimas de armas de fogo.
Questionamos a profissional sobre casos de violência contra a população LGBT (lésbicas, gueis, bissexuais, travestis e transgêneros), que não havia mencionado no seu relato, ela informou que naquela unidade não havia sido efetuado nenhum atendimento desse tipo que fosse de seu conhecimento.
Nos casos de violência doméstica existe uma preocupação do serviço em fazer um acompanhamento investigativo, quando existe uma suspeita de violência contra criança, por exemplo; inclusive mencionou que se necessário o Conselho Tutelar é acionado, além disso, esses casos são notificados para gerar indicadores de violência. No entanto, compartilhou sobre a dificuldade em investigar casos de homofobia e encaminhar, pois ainda não existem lugares especializados. Admitiu também que para outros casos de violências sabe para onde encaminhar e de que maneira proceder, mas que nos casos de homofobia até tem anotado como proceder, mas não está na ponta da língua. Também relatou que existem casos que a vítima não faz a denuncia ou não percebe que foi vítima de homofobia.
Os questionamentos que faço são em relação a existir um hábito, dentro dos serviços de saúde, para investigação de outros tipos de violência, mas nos casos da população LGBT os profissionais estão preparados para intervir?
Se não existe uma preparação dos profissionais para atender adequadamente essa demanda, investigar possíveis casos, acolher essa população vítima de violência e preconceito; para o SUS é como se essa demanda não existisse, se não existe notificação, muito menos haverá criação de indicadores sobre homofobia.
Inclusive a profissional não tinha conhecimento sobre a ampliação do disque 100, no ano passado, canal de denuncia sobre violação de Direitos Humanos para atender também a população LGBT.
É de suma importância a necessidade de capacitação dos profissionais da saúde, desde sua formação acadêmica e também através da educação permanente em saúde para atender toda população, independente de etnia, identidade sexual, religião,etc. Respeitando o príncio de universalidade do SUS - a saúde é um direito de todos e um dever do Estado.

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