terça-feira, 10 de julho de 2012

"Ilha das Flores, de Jorge Furtado.


Já assisti algumas vezes o curta “Ilha das Flores” e concordo com algumas colocações dos colegas, tanto na mudança de perspectiva a cada vez que assisto, quanto no impacto causado ao me “deparar” com essa realidade. Ainda complemento uma das análises em relação à forma humorada da narração do curta, pois não é apenas humor, trata-se de um humor irônico, por vezes sarcástico. Essa estratégia narrativa faz com que possamos nos dar conta das nossas ações cotidianas, suas consequências e nossas próprias contradições enquanto indivíduos e coletivo. Por exemplo: colocar um tomate, que julgamos inadequado para consumo, no lixo, pois nos mostra que essa ação não se encerra no momento que o caminhão de lixo recolhe nossos restos.  Ao mesmo tempo em que nos faz refletir sobre essas ações individuais e suas consequências, também coloca em questão nosso sistema de organização econômico, o capitalismo, seus meios de produção e “distribuição” de riquezas, que regem nossa sociedade. Essa mesma sociedade que produz mais alimento do que o necessário para sua população, mesmo assim existem pessoas que comem os restos dos porcos e outros morrem de fome. 
Podemos culpar o proprietário dos porcos que permite que aquelas pessoas se alimentem? Se não fosse dessa maneira eles não teriam alternativa para sobreviver.
O curta proporciona um exercício de alteridade em muitos momentos, por exemplo: nos colocando no lugar do proprietário dos porcos ou da dona de casa que coloca o alimento no lixo. Qual deles é mais ou menos culpado?
Podemos pensar que o Estado é culpado. Mas quem é o Estado? Somos nós mesmos ou são aqueles que escolhemos para nos representar?

Nenhum comentário:

Postar um comentário