segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Seminário Internacional Saúde do Trabalhador BancárioSeminário Internacional Saúde do Trabalhador Bancário


O Seminário Internacional Saúde do Trabalhador Bancário aconteceu em São Paulo, no dia 24 de agosto. O objetivo do seminário foi a divulgação do livro Saúde dos Bancários, organizado pelo professor Laerte Idal Sznelwar, com coordenação de Juvandia Moreira Leite (presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região) e Walcir Previtale Bruno (Secretário de Saúde do Sindicato dos Bancários de SP). O livro é composto de 18 capítulos que abordam os temas de saúde e condições de trabalho da categoria bancária. O seminário foi apresentado em seis mesas, uma apresentação de pequisa, debates, etc. Cada um dos componentes das mesas participou da autoria de um dos capítulos do livro.

Após a mesa de abertura foi apresentada a pesquisa “O impacto da organização e do ambiente de trabalho bancário na saúde física e mental da categoria”. A pesquisa foi realizada pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e mostra que a categoria do ramo financeiro é aquela que mais adoece mental e fisicamente. Foram 818 bancários de bancos públicos e privados entrevistados entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011. Algumas conclusões da pesquisa sobre ser bancário: a carreira possui alta representação simbólica, existe uma forte dependência econômica e social, auto percepção dos bancários de baixa qualificação e sem chances no mercado de trabalho. A organização bancária como “causadora” de doenças ocupacionais: 66% dos bancários acreditam que a forma como está organizada e como se desenvolvem as atividades bancárias resultam em doenças ocupacionais.

A primeira mesa tratou sobre “Saúde, Saúde Mental e Trabalho Bancário” e foi apresentada pela médica e pesquisadora da FUDACENTRO, Maria Maeno; pela psicóloga e professora do curso de psicologia da PUC-SP, Renata Paparelli; pela psicóloga e professora do departamento de psicologia da UFPR, Lis Andrea Sobol; e também pela psicóloga e professora do curso de psicologia do Instituto de Ensino Superior de Brasília, Elizabeth Zulmira Rossi. A mesa explanou sobre o conceito de assédio moral enquanto uma patologia da solidão e estratégia de gestão organizacional no setor bancário, também diferenciou o assédio moral objetivo que possui por características um conjunto de prática e comportamentos agressivos e hostis com caráter contínuo e repetitivo, e o assédio moral subjetivo que se caracteriza em expor o trabalhador a vivências de humilhação e constrangimento e afeta a dignidade do empregado. Também abordou os conceitos assédio moral interpessoal que possui um alvo específico, envolvendo pessoalidade e tem como foco a destruição do trabalhador utilizando a estratégia de armadilhas, e assedio moral organizacional que trata da estratégia de gestão organizacional da empresa, grupo ou gerente com alvo determinável ou coletivo e possui foco na produtividade.

Na segunda mesa intitulada “Desafios Jurídicos Relacionados à Saúde do Bancário” que foi apresentada pela advogada e assessora jurídica SEEB/SP, Maria Leonor Poços Jakobsen; pelo advogado, juiz do trabalho e vice-presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho, Luis Paulo Passoti Valente; e pelo advogado, professor e assessor sindical, Antônio de Arruda Rebouças. A Dra. Maria Leonora se deteve nas questões do departamento médico da empresa, em porque os trabalhadores são obrigados a se submeter ao exame admissional por um profissional médico escolhido pela organização mesmo antes de um contrato de trabalho estabelecido, também falou sobre os processos de demissão de trabalhadores adoecidos. O Dr. Luis Paulo tratou de explanar sobre o conceito de colaborador ao invés de empregado adotado pelos bancos, apesar de parecer uma mera questão de denominação, mas na realidade traduz uma estratégia da organização em se isentar de responsabilidades do contrato de trabalho alterando o conceito estabelecido na CLT. Além disso, o Dr. Luis Paulo também abordou questões sobre a legislação previdenciária, legislação trabalhista e direito do trabalho. Enquanto o Dr. Antônio Arruda Rebouças, entre outras questões, abordou sobre o direito do tralhador em conhecer os riscos da função que exerce, direito esse estabelecido pela Organização Internacional do Trabalho.

A mesa sobre "Ergonomia, Econômia e Trabalho Bancário", foi terceira mesa do dia, apresentada por Julia Issy Abrahão, psicóloga ergonomista e professora da USP; François Hubault, economista ergonomista e professor do CEP - Ergonomia e Ecologia Humana – Université Paris 1 Atemi; Cristian Du Tertre, economista e professor de Ciências Econômicas - Université Paris Diderot-Paris 7 – Ladyss – CNRS – Atemis; Gilbert Cardoso Bouyer, engenheiro e professor do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Ouro Preto. As questões abordadas nessa mesas tratam da autonomia do trabalhador, sobre os diferentes processos cognitivos que o trabalhador bancário tem que utilizar durante sua jornada de trabalho exercendo funções diferentes, por exemplo caixa e ao mesmo tempo vendedor, a alternância de processos cognitivos é responsável por causar exaustão e o adoecimento. Também foram abordados questões sobre os efeitos do trabalho na organização social, gestão e saúde.

A penúltima mesa foi nominada “O trabalho bancário e a subjetividade”. Apresentada por Duarte Rolo, psicólogo e doutorando no Conservatoire National de Arts et Métiers, Paris, França; tratou sobre o sofrimento ético quando o empregado se permite fazer algo que não condiz com seus valores, como a venda de produtos que os clientes não necessitam para atingir as mestas estabelecidas pela organização. O psicólogo do Instituto de Investigaciones, Facultad de Psicologia, Universidad de Buenos Aires, Patrício Nunes também participou da apresentação dessa mesa abordando a banalização do sofrimento próprio e do outros como forma de lidar com a realidade desenvolvendo estratégias de defesa para lidar com as metas abusivas e assumindo os objetivos da organização como se fossem seus objetivos pessoais, isso causa sofrimento ético, físico e mental. O psicólogo e professor da Eaesp – FGV, Seiji Uchida abordou a questão da mentira do trabalho que no desenho das estratégias de gestão organizacional condiciona o trabalhador a mentir para conseguir atingir as metas estabelecidas, também explicou que existem dispositivos sociais para controle e domínio das emoções que funcionam como estratégias de defesa individuais ou coletivas que controlam o sofrimento, fazendo com que o trabalhador chegue num estado de limite emocional, quando essa defesa desmorona o sujeito encontra-se em um estado emocional devastado. O cientista social e professor da FACAMP, Luciano Pereira fez um retrospectiva do movimento operário que surgiu propondo modificações no mundo do trabalho e a busca pelo reconhecimento manipulado pela gestão organizacional.

Na última mesa sobre “Psicodinâmica do Trabalho e Construção da Saúde do Bancário” apresentada por Laerte Idal Sznelwar, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP,
abordou o conceito de mentira banalizada, aquela que se tornana um hábito para o atingimento das metas abusivas, também se torna uma verdade e causa o isolamento do trabalhador, partindo da premissa que a mentira não pode ser compartilhada, esse processo acaba causando sofrimento. Também explicou que todo o esforço humano causa certo sofrimento, porém esse sofrimento pode ser compensado pelo prazer que é proporcionado quando se atinge um objetivo; no trabalho bancário, devido as metas inatingíveis dos processos de gestão organizacional dos bancos, o empregado não tem possibilidade de atingir as metas que são abusivas e irreais, causando uma frustração por nunca poder compensar o sofrimento causado pelo esforço com o prazer de atingir o objetivo. Cristophe Dejours, professor titular da cadeira “Psychanalyse Santé Travail, Conservatoire National des Arts et Métiers”, diretor da equipe de pesquisa “Psychodynamique du Travail et de l'Action” fechou a mesa com a questão do sindicalismo se desenvolvendo historicamente sem tratar da questão da saúde, porém considera uma virada histórica a mobilização política para tratar das questões que envolvem saúde e trabalho. Tratou também sobre os mecanismos de defesa e controle, como estratégias para lidar com os problemas de trabalho e principalmente sobre o trabalho enquanto mediador na construção da sanidade, fazendo a transposição entre a psicopatologia do trabalho para a psicodinâmica do trabalho que aborda a questão das relações de trabalho em um contexto mais ampliado.

O Sindbancários de Porto Alegre e Região metropolitana enviou como representantes para o seminário a Assessora de Saúde e Condições de Trabalho Jaceia Netz e o Diretor do Banrisul Fabiano Barnart que trouxeram um exemplar da publicação “Saúde dos Bancários” que está a disposição na biblioteca do Sindbancários.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

FALA - SECOS E MOLHADOS

Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser
Tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala
lá, lá, lá, lá, lá, lá. lá, lá, lá
Fala
Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto
Fala
lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá
Fala

quinta-feira, 3 de março de 2011

OS MISERÁVEIS




"Veremos o quão importante é trazer para mente humana a revolução radical. Essa crise é uma crise na consciência. Uma crise que não pode mais aceitar as velhas normas, os velhos padrões, as antigas tradições. E, considerando o que o mundo é hoje, com toda a miséria, conflito, brutalidade agressiva, agressão e assim por diante...
O homem ainda é mesmo de antes. Ainda é bruto, violento, agressivo, acumulador, competitivo. Ele construiu uma sociedade nestes termos."
Zeitgeist - Addendum

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

UMA SIMPLES NOITE NO CAPS III

“A loucura é a vizinha da mais cruel sensatez. Engulo a loucura porque ela me alucina calmamente.” (Lispector, Clarice - 1974)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CAPS III - UNIDADE DE SAÚDE DA ROCINHA


"Queremos uma sociedade em que ninguém vai te excluir, mas sim incluir. A nossa sociedade vai ser igual a sociedade de cada um."
Maria do Socorro.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

BEM VINDOS À CIDADE DA ROCINHA!!!

As fotos abaixo foram tiradas no segundo dia de visita à comunidade da Rocinha, mas confesso que tinham me chamado atenção desde o primeiro dia, porém não me senti seguro suficiente para fotografar. Esse é um ótimo exemplo do perigo de uma única história, pois eu só conhecia a história contada pela mídia e achava que a Rocinha se resumia a um local de tráfico e violência.
Para minha surpresa, após postar essas fotos no facebook, recebi o seguinte comentário de uma das profissionais que conheci no CAPS:

" Engraçado, eu sempre quis fotografar as paredes informativas de lá e sempre tive medo de fazer isso e voltar no dia seguinte..." L.F.

Será que criar coragem para fotografar as paredes informativas, no segundo dia de visita, foi uma atitude de ingenuidade proporcionada por uma ilusão de segurança ou um real sentimento de acolhimento?
Acredito que jamais saberemos todas as respostas.

Saúde da Família

"A cobertura de 100% de saúde da família no bairro da Rocinha é a principal marca da reforma da atenção primária na cidade do Rio de Janeiro. Serviços personalizados e territorializados, onde o cidadão sabe qual unidade é responsável pela sua entrada no sistema único de saúde. Marcam a consolidação de um sistema único e universal. Certamente mais que a reforma do modelo da atenção a saúde, é fundametalmente uma reforma de sociedade."

Achei muito interessante esse comentário sobre a estratégia de saúde da família, até conhecer na prática a Rocinha. No segundo dia, o grupo de estudantes foi divididos em grupos menores que acompanharam as equipes da Unidade de Saúde da Rocinha. O meu grupo acompanhou um Agente Comunitário de Saúde e um enfermeiro para fazer um mapeamento da área pela qual são responsáveis. O mapeamento consiste em fazer um levantamento de quantas residências existe no local, visitar as casas dos usuários convidando os mesmos para conhecer à Clínica da Família.
Durante a jornada pela Rocinha pudemos observar a precariedade que aquela população vive (sobrevive), as casa estão amontoadas uma em cima da outra, muitas sem a mínima estrutura de saneamento básico, esgotos a céu aberto, pouca iluminação, lixo por todos os lados, e um cheiro quase insuportável; corredores estreitos, escuros e úmidos. Escadas que parecem nunca terminar e que dão a impressão que vão desmoronar a qualquer instante.
Será que com todas essas dificuldade que encontramos é possível ter noção de quantas pessoas vivem nesse território?
Acredito que não, pois alguns lugares são de difícil acesso e na maioria das vezes não encontramos ninguém em casa.
Além disso, as pessoas trabalham nos mais diversos horários Será que realmente a Unidade de Saúde presta serviços a 100% da população? Muitas daquelas pessoas só vêm para casa para dormir, em que momento os Agentes Comunitários localizam essas pessoas?







domingo, 23 de janeiro de 2011

CHIMAMANDA ADICHIE - The danger of a single story


Esse vídeo é uma homenagem a Nadine, para relembrar uma conversa que tivemos e se tornou uma otima oportunidade para reflexão. Nadine é de Guiné-Bissau, na Africa, faz mestrado na Fiocruz e tivemos a honra de ter sua companhia durante os 15 dias de vivências do VER-SUS.